A história “Era uma vez na América”- foi produzida em 1984, e tem como cenário a cidade de Nova York do início do século XX até aproximadamente a década de sessenta.
Um elenco excelente, onde Leone lança um olhar sobre o universo urbano nova-iorquino dos gângsters numa loucura infernal de paixão, falsidade, amizade, vingança, ódio, sexo, violência e morte.
A trama está centrada em Noodles (interpretado por De Niro nas versões "adulto" e "velho"). No início cronológico da história ele é um pequeno judeu sem qualquer perspectiva de vida, vivendo numa comunidade na periferia de Nova Iorque.
Ao encontrar Max, outro judeu, igualmente sem futuro, formam a espinha dorsal de um bando tão violento, que usará de todos os meios para conseguir dinheiro, belas roupas e belas mulheres.
A inteligência de Noodles, aliada à total falta de caráter de Max, trarão sucesso ao pequeno grupo, apesar da oposição de outros criminosos do bairro.
O que o diretor consegue é oferecer ao espectador momentos de absoluta humanidade destes criminosos. Por exemplo: uma pequena prostituta judia, agenciada pela mãe, que transa por dinheiro ou por um doce.
Destas sutilezas, destas relações pouco convencionais em um filme de gangsters, é que surge a força épica de Era Uma Vez na América.
Leone olha para seus personagens com carinho, mas sem complacência. Em outra cena magistral, Noodles compra um restaurante inteiro, à beira-mar, apenas para oferecer um jantar à sua amada ( Elizabeth).
Depois de uma conversa civilizada e romântica, Noodles estupra a mulher no carro, com absoluta crueza. Noodles não conseguirá nunca ser maior do que a sua origem violenta e suburbana.
E os Estados Unidos não são exatamente assim? E que podemos falar de cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e outras metrópoles? Podemos fazer um paralelo com o filme, quando pessoas de uma mesma cidade criam diferentes realidades de vida e lutam pelo mesmo ideal: a sobrevivência.
Cidades como Nova York, São Paulo e grandes metrópoles em crescimento progressivo, trazem também consigo o desconforto urbano, os rios e o ar são poluídos, o lixo é mal armazenado, a população aumenta, a falta de emprego, doenças se proliferam.
Em nome de um capitalismo cruel e selvagem muitas pessoas se corrompem, levando uma vida errônea, buscando a felicidade no material, no progresso urbano das grandes cidades, “modernas” cidades espetáculos produto de uma revolução burguesa que contínua trazendo miséria e opressão a ponto de reduzir o desenvolvimento individual.
Com estes fatores aumentando a violência urbana também vai se agravando e traz conseqüências; o tráfico de drogas, de armas, de pessoas, prostituição, crimes relacionados às famílias; pais que matam seus filhos e de filhos que matam seus pais, sem falar em violências relacionadas ao trânsito que muitas vezes acabam em crimes sem necessidade.
Realidades essas que ocorrem entre moleques de favelas, crianças armadas que mandam no morro e se agridem violentamente lutando pelo poder do tráfico, diferenças sociais vêm à tona e é o suficiente para acabar com o amor de jovens casais.
Por cima, a tradição cultural européia, o gosto pelo sofisticado, pelo belo. Por baixo, A ambição o desejo total, que passa por cima de qualquer código de ética, em busca do sucesso financeiro e do poder. E, nesta procura selvagem, nem os antigos pactos de amizade se sustentam para sempre.
Luiz Ernani P.Faria
Luiz Ernani P.Faria
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